Pr. Sóstenes Pereira de Barros
Por Lídia de Barros Braga
Sóstenes Pereira de Barros nasceu em 22 de agosto de 1913, em Santarém, Estado do Pará, e neste ano comemoramos o Centenário de seu nascimento.
Sóstenes foi um menino reflexivo, que não se detinha com futilidades. Muito prático e responsável, conviveu com seu pai, o Pr. Ângelo Cezar de Barros, tempo suficiente para aprender por meio dos constantes ensinos da Palavra de Deus a ser respeitador e a ter boa convivência em família.
Seus pais se conheceram e casaram em Santarém, sendo seu pai procedente da cidade de Bragança e sua mãe, Cecília Pizza, da Vila do Guajará. Foi na Igreja Batista em Santarém que Ângelo e Cecília se encontraram, quando Ângelo foi assistir a um culto em que, segundo informações que recebera, falava-se a respeito do Diabo e onde coisas terríveis aconteciam. Para sua surpresa, porém, o que ouviu foi o missionário Eurico Nelson falar a respeito de Deus e da vida eterna. Naquele início de século, época de intensa intolerância religiosa, Ângelo não confirmou haver nenhuma ocorrência desse tipo, e, de tanto ouvir o missionário, converteu-se ao Evangelho de Jesus Cristo, tendo sido batizado em seguida. Casou-se com Cecília e logo recebeu o preparo do próprio Eurico Nelson para se tornar pastor daquela igreja. Largou, então, seus afazeres para levar as Boas Novas aos paraenses, inicialmente em Santarém, depois em Castanhal, Inhangapi e Belém.
Quando Sóstenes era ainda criança, o pastor Angelo, sua esposa Cecília e os quatro filhos mais velhos, dos quais Sóstenes era o terceiro, saíram de Santarém para Castanhal, onde seu pai passou a pastorear a Igreja Batista. E para Santarém, Sóstenes só voltaria quase 30 anos depois, quando já havia concluído o curso do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, tinha sido consagrado pastor, e se casara com Dalva, sua companheira de ideais e ministério.
Na região do Baixo Amazonas, o Pr. Sóstenes permaneceu por 20 anos, ensinando, pregando, fundando e organizando congregações e igrejas, formando evangelistas leigos, abrindo escolas tanto em Santarém,
quanto em comunidade como Monte Sião, no Rio Arapiuns, ou Costa do Tapará, pois se preocupava muito quando sabia haver crianças sem escolas.
Como único obreiro batista em todo o Baixo Amazonas, o Pr. Sóstenes sempre procurou dar assistência às igrejas ou congregações fundadas pelo missionário Eurico Nelson, mas que tinham ficado isoladas e sem apoio de obreiro. Ali, ele doutrinava, ministrava a Ceia do Senhor, batizava e edificava a igreja local. Assim aconteceu em Alenquer, Juruti, Óbidos, Lago Grande, Belterra e outras localidades, pois compadecido da multidão que, por não conhecer o evangelho, vivia na ignorância da idolatria, sentia-se motivado a intensificar seu trabalho e a preparar obreiros leigos para a expansão do evangelho.
O ministério social desenvolvido pelo Pr. Sóstenes foi muito marcante na região. Procurando sempre ajudar pessoas enfermas, sem teto ou sem emprego, e crianças fora da escola, idealizou e fundou o Instituto Batista de Santarém, hoje Colégio Batista de Santarém, cujo internato foi, em parte, mantido por doações, pois poucos internos conseguiam pagar a despesa. Ainda que o número de bolsistas sem cobertura alguma no Instituto fosse grande, sempre cabia mais uma carteira para crianças carentes que demonstravam interesse em estudar ali.
Além da escola com internato, foram criados abrigos para pessoas doentes que vinham de municípios vizinhos para se tratar na cidade e desabrigados das cheias dos rios. Em 1953, inclusive, por ocasião da grande cheia do rio Amazonas, participou da equipe coordenadora, dando vacinas e deslocando desabrigados em todo o Baixo Amazonas.
Sempre idealista e realizador, organizou a primeira cooperativa da região do Baixo Amazonas em uma comunidade do rio Arapiuns – desejava ver os próprios agricultores terem condições de vender o que produziam em Santarém, pois visava à melhoria de vida daquela população até então isolada.
Respeitado por prefeitos, juízes e, muito mais, pela população daquela região, era constantemente convocado pelos juízes e políticos
para presidir mesas de apuração de votos nas eleições, a todos atendendo com presteza e humildade.
No início dos anos 60, observando que a cidade não contava com o ensino médio público – só havia em escolas religiosas particulares, Sóstenes procurou a ajuda de políticos atuantes na capital para que um colégio estadual fosse criado em Santarém, fato que se consumou em 1964, com a fundação do Colégio Alvaro Adolfo da Silveira, do qual foi o primeiro diretor.
O Pr. Sóstenes gostaria de ter feito muito mais pelo seu povo, por sua terra, mas, em virtude de precisar de cuidados especializados à sua saúde, transferiu-se para Belém em 1965, atendendo a convite da Convenção Batista do Pará e Amapá para atuar como Secretário Executivo do Campo.
Em Belém, coordenou atividades sociais, implantando cursos de alfabetização de adultos, distribuição de alimentos e roupas, e fundou o Lar Batista em Santa Isabel do Pará, espaço que foi ambientado para se tornar uma escola agrícola e que chegou a atender crianças encaminhadas pelo Poder Judiciário.
Na denominação Batista, além de Secretário Executivo da Convenção do Pará e Amapá, implantou e pastoreou várias igrejas, aconselhando seus irmãos na fé ou quem o procurasse de todo o campo Batista do Pará e Amapá, mas não se afastava do trabalho social que, acreditava, precisava exercer como cristão. Assim, da experiência que teve em Santarém com a Igreja, com o Instituto Batista, com a Cooperativa Agrícola do Arapiuns e com o abrigo social para pessoas carentes e enfermas ao Lar Batista em Santa Isabel do Pará, seu ministério pastoral foi marcado pela empatia a pessoas sofridas e discriminadas socialmente de diversas formas.
Como professor do Seminário Teológico Batista Equatorial – STBE, o Pr. Sóstenes animava e aconselhava obreiros e seminaristas, como quando estudou em Recife. Cria no trabalho cooperativo entre as igrejas, em um compartilhamento maior entre os obreiros do campo, buscando sempre
conquistar igrejas que, por alguma razão, pareciam se afastar da participação denominacional.
Em finais dos anos 60 e início dos 70, levou seus alunos do Seminário (STBE) a desenvolver uma pesquisa entre igrejas pentecostais, uma vez que estas acusavam os Batistas de não terem o Espírito Santo em suas vidas cristãs. Tal pesquisa resultou em um debate público realizado no Teatro São Cristóvão e no livro Análise do Dom de Línguas, referência de pesquisa doutrinária em Seminários Batistas.
Em 6 de agosto de 1986, no Rio de Janeiro, onde se encontrava em tratamento de saúde, passou para a eternidade, onde também aguardamos para nos encontrar com o nosso Salvador.
O Senhor nosso Deus seja louvado por homens e mulheres que, como o Pr. Sóstenes, investem suas vidas para agradar ao nosso DEUS e para fazer expandir o Evangelho de Cristo! A Ele, o Deus Eterno, toda honra, e glória, e louvor.
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